2009-02-12

Mercurii, Veneris dies

Mercurii dies:
(Passado)
Se contássemos uma mudança de ano como um ano novo seria lá que estávamos. Para mim o ano muda noutra altura do ano e já passou; foi há meses atrás. Nesse dia estava em casa ou numa viagem a caminho de casa, nesse dia eu não era mais eu porque nesse dia sabia que Eu iria mudar. O dia 1 deste mês não é por isso o primeiro de um novo ano mas um dia qualquer ao qual querem atribuir uma importância sobrevalorizada. Por isso digo que se o ano tivesse de começar não era no dia um nem no dia 30 mas sim no dia em que as pessoas realmente mudassem planos ou outros projectos. E eu falei com o Ano e a resposta dele foi simples:
-Tens toda a razão… Não sei como as pessoas me tentam julgar assim tanto; fazem com que eu aja de forma a agradá-los mas eu não quero. Ego, sabes uma coisa?
-Não, eu não sei nada…
-Para mim não existem anos, só o Ano, o Eu, porque já vivi tanto e ainda me sinto o mesmo. Não mudei nada, e se mudei? Tenho que ser um Ano novo a cada 365/366 dias segundo o calendário gregoriano? E já nem falo nos outros calendários.
De facto o Ano é uma pessoa bem solitária e nem sei como ele aguenta estes abusos.

Veneris dies:
Um dia vi-te. Estavas à porta, como eu, mas não querias entrar. Perguntei-te porquê. Não me respondeste…
Lembras-te do dia em que vimos aquelas coisas que não conseguimos descrever, tão pouco denominar, mas que estavam mesmo lá? Lembras-te do dia em que fugiste só para não ficares parado? Lembras-te do dia em que me lembrei?
Não estavas lá mas contei-te tudo com entusiasmo. Tu sabias tudo antes de te contar.
Recordas o momento em que nos conhecemos naquele espelho? E quando nos separámos, lembras-te?
Foi aí que disse que Eu não era o Ego e tu disseste que sim, que éramos apenas “Egos” diferentes. Um era o velho, outro o novo… Disseste (…)