2012-05-09


“Escreve! Escreve, esferográfica.
Liberta-te. Sai, tinta. 
Não queres sair? Sai.
Cala-te! Escreve, caneta.
Cala-te e escreve.
A tinta quer sair!
Não há nada a dizer. Escreve!
O que é que eu ia dizer?
O quê?
Porque é que __ ____ ___? ____ ____. 
Perguntas? Respostas. ___ ___.”
Não percebo nada do que escreves. Que caligrafia horrível, sintaxe e vocabulário paupérrimos. Vá lá, escapa a ortografia e a semiótica. E isto, é o quê?
“Do_. Sing-sing-along. Peixes. Aves. _________s, não nin__. Homens. Filmes. Homens. Músicas. Passado.
 Tenho um cancro que não é palpável. É como se a dor proveniente da zona dos pulmões fosse apenas um efeito secundário do movimento do coração, enquanto força as costelas, para poder escapar e, dessa forma, eu me possa tornar insensível. Se pudesse falar com o meu coração dir-lhe-ia para sair pela boca, estou habituado ao vómito. 
Pânico!
Faz-me lembrar a história da miúda a quem as dores imaginárias afectavam as costas, como se asas lhe fossem irromper pelas escápulas. Imaginava que todas as pessoas se tornariam aladas, não desde a nascença, talvez na adolescência, quem sabe. Nessa fase, tal como quando caem os dentes de leite, penas irromperiam das costas e certos sintomas evidenciariam a metamorfose.”
Não te percebo. Não compreendo nada. Fui eu que escrevi isto ou foste tu? Eu não fui, tu próprio disseste.
 Como se escreve o indescritível ou se diz o indizível sem o verbalizar ou redigir?
Estando calado, quieto.
Sei o que penso.
.

2012-05-05


E assim se desaparece mais um bocado.
.