Veneris dies:
O Sol queima-me a pele. Enquanto isso, pequenas gotas de suor escorrem pela minha face. As gotas são alheias ao que se passa, meramente querem soltar-se de mim desconhecendo que vão a caminho da morte. Suicidam-se.
Aproximam-se mudanças. Eu gosto de mudanças, menos quando elas me mudam. Não gosto de mudar; gosto de evoluir porque as mudanças não me afectam tanto. É como se não mudasse.
O pescoço chama-me!
São pequenos sinais indicadores de outras coisas. São sempre coisas, pequenas coisas. Vê-se a pele pelo transparente véu. Semelhanças…
Coisas…
Gestos. Suavemente estalam xícaras ornamentadas…
Solis dies:
A minha boca tem o sabor que a boca de um coprófago há-de ter. Dela só sai e só entra o mesmo que entra e sai da boca do coprófago.
As formigas andam para trás e para a frente numa orientação desorientada. O enxame voa descontrolado, confuso, enquanto eu o observo. Tempestades de pensamentos. É como se os ouvisse mas são tantos que não consigo percepcionar nem um deles.
Caem os véus, caem os céus. Não sei o que fazer. Fico sem saber o que fazer. Relógios marcam o tempo. Quanto tempo falta? Sei lá. Não sei nada.Quanto mais procuro, menos descubro.