2009-07-06

Veneris dies, Solis dies

Veneris dies:

O Sol queima-me a pele. Enquanto isso, pequenas gotas de suor escorrem pela minha face. As gotas são alheias ao que se passa, meramente querem soltar-se de mim desconhecendo que vão a caminho da morte. Suicidam-se.

Aproximam-se mudanças. Eu gosto de mudanças, menos quando elas me mudam. Não gosto de mudar; gosto de evoluir porque as mudanças não me afectam tanto. É como se não mudasse.

O pescoço chama-me!

São pequenos sinais indicadores de outras coisas. São sempre coisas, pequenas coisas. Vê-se a pele pelo transparente véu. Semelhanças…

Coisas…

Gestos. Suavemente estalam xícaras ornamentadas…

Solis dies:

A minha boca tem o sabor que a boca de um coprófago há-de ter. Dela só sai e só entra o mesmo que entra e sai da boca do coprófago.

As formigas andam para trás e para a frente numa orientação desorientada. O enxame voa descontrolado, confuso, enquanto eu o observo. Tempestades de pensamentos. É como se os ouvisse mas são tantos que não consigo percepcionar nem um deles.

Caem os véus, caem os céus. Não sei o que fazer. Fico sem saber o que fazer. Relógios marcam o tempo. Quanto tempo falta? Sei lá. Não sei nada.Quanto mais procuro, menos descubro.