2009-09-30

1-QC88/1893090410.2159

1-QC88/1893090410.2159:
Tenho que começar a encarreirar a minha vida.
Fica para as calendas gregas.

Tudo (?) tem ficado para as calendas gregas.
Apenas nas viagens me deixo perder nos campos criados num imaginário retorcido em flores que não existem e que eu quero colher, flores que se movimentam largando odores que lembram a ultrapassada primavera. Odores que quero cheirar mais intensamente, esses cheiros que me fazem sorrir.
Apetece-me algo.
Apetecem-me coisas. Algo “coisado”, indefinido, mas que contenha forma. Algo que não se possa descrever só com palavras. Poderia usar-se uma metáfora mas não haveria nada que se comparasse a este ALGO em que reflicto. É parvo pensar que certas “coisas” não podem ser exprimidas ainda. Há tantas palavras. Como pode não haver aquela palavra?
Lembrei-me de criar um novo vocábulo para este conceito. Mas como explicar um conceito que não existe em palavras nem tem nome? Fico preso na redoma do significante e significado.
Pontos finais. Pergunto-me se serei ainda o Ego?
Acordo. Deitado ainda na cama, esfrego os olhos e fixo o relógio na parede. Os raios de luz vindos da janela permitem-me ver as horas. É tarde, demasiado tarde. Num salto levanto-me da cama e bato com a cabeça no tecto. Estranho. Terei crescido?
Não tenho tempo para pensar nisso. Visto-me à pressa. Uma perna custa a entrar mais que a outra nas calças, a camisola está ao contrário, as meias tortas, os atacadores desapertados. Dirijo-me à casa de banho. Que cara a minha!
De olhos remelosos lavo a face quente. Volto a deitar-me. Terei febre?
Fica para amanhã.