2008-04-21

Dia 203

Dia 203:
Reforço o sentimento de impotência que sai de dentro de mim. Demorei mais um dia só para voltar ao meu quarto e estou perto da cama. Não consigo subir. Hoje vou deixar-me apenas descansar no chão duro e frio e tentar pensar numa solução para estes problemas. Se eu fosse uma personagem como a Alice encontraria certamente um bolo ou um pedaço de cogumelo que me faria crescer novamente…

Dias 193/194/195/196/197/198/199/200/201/202

Dia 193:
Ando a fazer vigílias na rua…
Não é que pressinta que algo está ou vá ficar errado mas sei-o… algo que intriga, o meu instinto não falha e quando falha é porque algo está errado!


Dia 194:
Continuo nas vigílias. Vejo entretanto uma cena que apesar de não me causar surpresa deixa-me a olhar especado. Sei que não é isto que está errado:
Alguém parte com um machado a porta da igreja una, santa, católica e apostólica… O público aplaude…
Pinheiros ardem…
Mulheres olham…
Os espaços estão tão vazios…
O sumo pontífice fode toda a corte papal e, enquanto pastor, o rebanho (não esquecer que o motivo principal do pastor possuir um rebanho é ter um modo de subsistência e alimento). Os cardeais que são fodidos pelo papa fodem os bispos, presbíteros, diáconos e o povo (obviamente). Os bispos fodem os seus irmãos arcebispos, os padres e os diáconos…não esquecendo o povo. Os presbíteros são enrabados por quase todo o clero mas ainda conseguem enrabar os pobres leigos e as ovelhas tendo especial carinho pelos borregos.
O povo assiste impávido e sereno…
Farto do espectáculo continuo a demanda de encontrar o que está errado.


Dia 195:
O meu diário tem dois formatos. Como acompanho a evolução dos tempos sinto-me forçado a ter um no formato digital. Contudo antes de me sentar numa cadeira a escrever sem caneta já tenho escrito no meu verdadeiro diário. Este anda sempre comigo e é um pequeno bloco. Um dia vai juntar-se a todos os outros diários que estão guardados no mesmo sítio para onde este vai. Não revelo o lugar porque não o quero encontrar. Então hoje decidi mostrar um pouco do original para que não me esqueça:


Dia 196:
O mistério continua e não sei quem são essas pessoas que vêm calmamente. São os anónimos. São estes os que passam por mim e que embora saiba que os conheça não sei donde e são também as pessoas que me conhecem, cumprimentam-me e não sei quem são. Por vezes sei o nome e não sei a quem pertence a face, outras vezes é o oposto, reconhecendo as faces e desconhecendo os nomes.
A maior parte do tempo acontece que não sei o que fazer a não ser ignorar. Isto porque quando não o faço fico dias inteiros a pensar. Por isso tento esquecer as pessoas e tudo se repete com ainda mais gente… torna-se um círculo vicioso de des-conhecidos.


Dia 197:
Sei que o meu problema não é o do dia anterior mas volto à estaca zero. É outra coisa, sei-o, e aproximo-me dele. Tive uma visão durante a noite e ele estava pendurado numa cabana perto da praia. (Sendo que a cidade, como que por magia, afastou-se do seu pólo e dirigiu-se à praia. Não é invulgar as cidades do meu mundo mudarem de lugar. O mais difícil é encontrá-las depois.)
A busca pelo que está errado continua…
Aproximo-me da conclusão….
Sigo as pistas…


Dia 198:
O dia de hoje decorreu com uma normalidade estranha, assustadora. Não fiz nada a não ser reunir os meus apontamentos e tirar elações. Escrevo tão rápido que a minha letra se torna praticamente uma linha ambígua e ilegível. Estou tão perto de chegar a uma conclusão que a minha aflição aumenta de intensidade e absorve-me por completo. Já nem vejo o meu rosto.


Dia 199:
Encontrei a resposta que tanto procurava e o que há de errado em tudo…
Agora preciso de me confrontar com a situação…


Dia 200:
Sou uma personagem descartável.
Os indícios que me levam a dizer isto vêm já de trás, muito antes de achar que algo de estranho se passava comigo, talvez logo à nascença o meu instinto me levasse a crer que o era mas só agora me consegui decidir a procurar a verdade. Os sinais eram óbvios. Não o estou a dizer de ânimo leve e já tentei refutar a minha própria teoria desde que a ela cheguei e não encontro um ponto fraco para que o possa fazer. As provas são irrefutáveis. Sou mesmo uma personagem. Daí me identificar com outras personagens (essas valiosas) e não conseguir ver o meu rosto quando mais preciso de o ver. A única prova de que possuo um rosto vem de uma imagem desfocada nas minhas memórias.
Os meus apontamentos são extensos e analisei-os em profundidade e não encontro uma forma de escapar embora o tente fazer numa linha, num ponto. Sou uma personagem.
Não sou um fantoche ou marioneta. Sei que tenho total liberdade de movimentos e expressão, consigo pensar por mim próprio porque de outro modo não conseguiria chegar a esta conclusão. Sei que não tive um deus criador porque nunca senti a sua mão sobre mim, mas então como nasci? Para esta questão não encontrei qualquer resposta mas não me apetece procurá-la.
Ao encontrar uma resposta só consegui encontrar mais perguntas, mais difíceis de responder. Estes factos retiram-me a energia de procurar algo mais que tenho receio de encontrar. Posso encontrar algo tão podre em mim que não queira mais viver.


Dia 201:
Sinto-me tão pequeno. Diminui tão drasticamente que demoro horas a andar o que anteriormente fazia num segundo. Mas não foi o meu corpo que diminuiu, esse consigo palpar e está do tamanho normal. É ao interior que me refiro, este é que diminuiu de tal forma que está mais pequeno que uma formiga. Ah, quem me dera ter o tamanho da formiga e ter a força proporcional ao seu tamanho. A minha força encontra equivalência no reino das plantas. Obviamente não possuo a força de uma árvore secular. A minha fragilidade é a de uma pequena flor. Já não tenho pétalas, sou só um caule verde, esguio, e uma ou duas folhas. Tenho medo de ser pisado. Ninguém pisa uma flor quando esta tem pétalas porque é bela. Mas quando se é um caule pode-se ser pisado, arrancado do chão, como uma erva daninha… E é o que me sinto agora. E é o que quero que me façam. Que me arranquem como se arrancam essas ervas daninhas, ou que me matem com um qualquer herbicida.
Por que motivo fui eu ser tão curioso? Podia ter-me simplesmente alienado e nunca descobriria que sou só uma personagem…


Dia 202:
Após um dia a caminhar cheguei à porta. Preciso mesmo de sair daqui e apanhar ar. Não tenho força para abrir a porta…

2008-04-10

Dia 192

Dia 192:
Isto são mesas apinhadas de gente que nunca mais acabam. É provável que não esteja lá ninguém e que isto passe um pouco de sonho, quero dizer, torna-se um pouco real. Hoje tive vários sonhos e lembro-me apenas dos da manhã.
Às 8h era uma espécie de peixe que não conseguia nadar e deixei-me secar em terra. Confesso que quando acordei estava um pouco abalado (e com sede). Continuei.
Adormeci e acordei (novamente) às 11h45m. Era eu, só, muito gordo. O meu tormento era fugir das pessoas que nem sequer me perseguiam mas eu, de tão obeso ser, não conseguia mexer-me…
Quando despertei tinha voltado ao normal.
Dia 192.1:
O que me preocupa agora são as estas mesas movediças que arrastam os homens e as mulheres nas cadeiras. Eu estou deitado na cama mas esta também se mexe com as mesas. Mas… como fui eu parar a uma sala apinhada de gente sentada em cadeiras anexadas a mesas que andam?
Só pode ter sido por causa da minha cama. Ela tem destas coisas...
Deve ter-se envolvido numa relação com uma das mesas pretas com pernas longas, arqueadas e castanhas. Talvez seja o ar metálico destas que atrai a cama onde durmo. Até compreendo mas aquelas mesas são demasiado jovens para a minha cama se envolver. Pode mesmo ser condenada à fogueira ou tornada em serradura.
Merece um castigo por ter-me trazido durante a noite sem autorização.
Caruncho…

Dia 191

Dia 191:
Eu sei que prometi contar a história do Crepúsculo e da Aurora. Vou fazê-lo…
Hoje é um bom dia para o fazer. O quê?
Pergunto-me o que é bom para fazer hoje mas deparo-me com a senhora Preguiça.
Como é seu costume impede-me de fazer o que quer que seja e a história dos meus amigos vai ter de ficar para a próxima… (
Déjà Vú ou qualquer coisa parecida. O que é não sei mas é colorido e tem riscas.)

Dias 176/177/178/179/180/181/182/183/184/185/186/187/188

Dia 176:
Os sintomas continuam a manifestar-se e o diagnóstico chegou ainda ontem e estes sintomas vão aumentar gradualmente nos próximos dias porque eu sei que vão porque vou estar lá para passar por tudo isso devido à minha incapacidade de conseguir escrever no dia a que estava destinado o dia anterior. Resultado disso é este modo de escrever com palavras que não são as palavras que deviam lá estar pela ordem certa onde me perdi porque se paro de escrever perco-me no que estava escrito e não consigo desenvolver mais devido à minha enfermidade e se escrevo agora é porque já estou melhor mesmo que não totalmente bem por causa da clavitose que me atinge neste instante e paro de escrever porque estou a tentar lembrar-me dos sintomas que esta doença me trará (trouxe) desde há uns dias atrás mas só ontem me foi diagnosticada pelo doutor Bayard ou qualquer nome parecido porque os sintomas primários da clavitose é perda de memória a curto prazo. É este o sintoma que me atormenta mais hoje juntamente à taquicardia conseguindo mesmo ouvir o meu coração dentro da cabeça e eis que chega a paranóia porque o meu coração vai rebentar nos próximos minutos. Consigo sentir a carótida pulsar-me nos dedos, a cabeça a rebentar… é um aneurisma, só pode ser um aneurisma. Tenho febre…
Durmo…


Dia 177:
Sinto-me um pouco melhor embora os sintomas primários desta doença infecciosa nunca cessem e como se sabe esta maleita não tem cura alguma a não ser uns cigarros para aliviar os prenúncios de tal moléstia da qual certos rumores dizem já haver cura mas as farmacêuticas estão a guardar só para os mais ricos e não me sinto nada rico hoje porque não tenho a cura para a doença que só os ricos podem comprar a cura impedindo que a imprensa revele as fontes daquele artigo cujo título era “As clavitoses e as suas curas – dualidade moral” um assunto a temer de facto. Sou apenas um clavitoso, a doença tem fases e certamente um dia destes abrandará o seu rumo e quando a apanhar desprevenida apanho-a e fecho-a num baú com cadeado e as outras clavitoses que andam aí não poderão encontra-la podendo encontrá-la podendo encontrá-la nos sítios onde guardei as outras. Poderia ser no máximo infectado outra vez mas isso não garante que eu volte a não fazer sentido porque o meu corpo desenvolva imunidade a clavitoses…


Dia 178:
Desmaiei em frente ao computador sem que a doença me tenha deixado exprimir o que sentia. Tenho neste preciso momento um rasgo de lucidez mas sei que não vai durar muito e não me vou alongar por causa disso. Os delírios intensificaram-se e não distingui o assento da cama. Passei os olhos pelos dias anteriores e vejo-me não fazer sentido, repetitivo…
Já começou o meu coração a bater. Sei que vem aí mais um ataque…
Dia 178.1:
Consigo ver as mariposas…
Alarme…


Dia 179:
Hoje, sim, é um bom dia.
Despertei de um sonho em que a clavitose me tinha deixado, aliás meramente ignorado. Sinto-me rejuvenescido e inteiramente saudável. Só tenho um problema mas não tem relação alguma com a doença que me afecta.
Mariposas gigantes são o meu problema!
Chegaram ontem pela noite. Primeiro veio uma só mariposa gigante que se limitou a pousar na parede e encarar-me fixamente. Quando vi a segunda ao meu lado, em direcção à luz do candeeiro, entrei em pânico. Se elas soubessem podiam matar-me já e obteriam comida para as duas. O meu corpo não as manteria por muito tempo; provavelmente se gostassem do manjar voltariam a matar.
Felizmente só se interessam pela luz e deixam-me em paz. Todavia farto-me de ouvir o choque contra a lâmpada seguido da sua queda no chão e da mariposa que insiste em me fitar da parede, imóvel.
Tenho medo de as enxotar não vá passar-lhes pela ideia atacar-me e devorar-me. Penso que as vespas gigantes são suas predadoras, logo podia deixar entrar umas quantas para que as matassem e deste modo o perigo cessaria imediatamente.
Estou mesmo a delirar; se permitisse que as vespas entrassem aqui, elas seguramente iriam virar-se contra mim depois de assassinarem as mariposas intrusas, tal como fazem os exércitos quando invadem um país (primeiro matam os intrusos e depois os nativos).
Após longa meditação sobre o tema, deparei-me com inúmeras estratégias falíveis e decido simplesmente ignorar os bichos.
Se os ignorar eles ignorar-me-ão.
De modo algum com este grau de enfermidade conseguiria vencê-los.
(…)



Dia 180:
Apresento sinais de melhorias.
As mariposas desapareceram. Espreito entre os lençóis com as mãos firmemente agarradas e não consigo encontrar-lhes o rasto. Foram embora.
Mais seguro, levanto-me, piso o corpo duma delas e vejo o outro mais adiante. Não parecem tão gigantes e muito menos assassinas…pelo contrário, vejo os restos dum bicho indefeso no meu pé e um corpo inerte a um metro.
Não percebo porque nada sobrevive no meu quarto além de mim. É provável que tenha infectado ambas com Clavitose e como o tempo de vida delas é menor, a doença alastra mais velozmente. Mas não acho possível uma doença tão grande atingir um ser tão pequeno a não ser que as tivesse atingido enquanto eram gigantes…
De qualquer modo não viveriam muito mais visto estarem já no estado adulto.
Se ainda fossem larvas sentia pena mas sendo assim consolo-me com o facto de não lhes tirar mais de um mês de vida.
Se fossem um casal podem já ter posto ovos na minha casa e em breve terei um monte de vermes pelo chão.
Não me vou debater sobre isso…Preciso de repouso absoluto…


Dia 181:
Recaída atinge-me de novo e desta veio para ficar e pelo menos é o que sinto nas costas que tormenta nesta mente confusa e se preciso ir ao médico tenho que ir antes que não consiga chegar. Afinal foi uma aparente recuperação falsa e esforcei-me para nada e sustive a respiração em vão……………………


Dia 182:
Não suporto mais. Preciso mesmo de visitar um especialista em clavitoses com esperança que ele me possa aconselhar a seguir o melhor tratamento.
É então que saio pela primeira vez à rua (sem contar com as outras) para fazer uma visita ao meu médico amigo. Recuso-me a voltar ao Dr. Bayard depois daquilo que ele me fez passar…Claro que levo açaime não me vá dar um ataque em plena rua. As pessoas olham para mim como um cão raivoso.
O meu médico é um senhor já velho chamado Malaquias e tem traços Einsteinianos à excepção da barba que neste caso é mais farta e dos óculos hiper-graduados que usa. Fala entre dentes e custa-me perceber o que ele quer dizer, tendo mesmo por vezes de me aproximar da sua boca para ouvir. Foi numa dessas vezes que quase lhe tocava nos lábios com a orelha direita que ele me disse, após um número infindável de exames, que eu não tenho clavitose. Vai mais longe e afirma categoricamente que esta doença da qual sou portador nem sequer existe, que sou portador duma outra doença, da qual nada ouvi falar, chamada hipocondria. É óbvio que me ri na cara dele e imaginei-o senil com tamanho fardo que é a sua idade.
Ele perguntou-me se tinha sido o charlatão do Dr. Bayard que me tinha diagnosticado a doença e se por acaso o tratamento era à base de rebuçadinhos da sua produção. Questionou-me também se me tinha garantido que apesar da minha doença esses rebuçados iriam aliviar os meus sintomas…
Respondi-lhe acenando com a cabeça positivamente… Ele disse que eu já não era o primeiro e comparou-me a Argan…
Fiquei indignado ao ser comparado com uma personagem tão ingénua…
Bati-lhe com a porta na cara e fui-me embora a correr…


Dia 183:
Não acredito…
Não posso acreditar que aquele doutor Malaquias tenha razão. Eu sinto que estou doente, visivelmente melhor, mas doente. Ele só pode estar a dizer-me isto para retirar clientes ao doutor Bayard já que ele é conhecido mundialmente pelos seus rebuçados miraculosos que curam tudo.
E sei que continuo doente por isso não pode ser mentira.





Dia 184:
Curado… Finalmente consegui superar esta doença e sem ajuda de médicos. Não estou a especular, tenho mesmo certeza absoluta e passo a esclarecer:
Tudo começou de manhã quando acordei, remeloso, e olhei em volta. Descobri que a Clavitose não estava aqui comigo no quarto. Primeiro estranhei mas depois lembrei-me do sonho que tive há dias atrás. E foi mesmo assim que aconteceu, esse sonho tornou-se realidade. Ia eu, Ego, a descer a rua que vai acabar noutra rua que dá para a praceta pequena que tem cinco cafés sem cadeiras. Acho que já lá bebi uns copos. Continuando, ia eu na rua que tem muito movimento especialmente aquela hora, naquele preciso minuto, quando passei pela clavitose que me tinha deixado sozinho no quarto. Quase que chocava contra ela, por isso posso dizer que era de facto ela e não outra clavitose. Era a minha clavitose…
A seguir quando os nossos corpos ficaram naquele impasse sem saber por que lado passar vi-a baixar os olhos e seguir sem me dizer nada e quando voltei a casa ainda não tinha voltado. Apercebo-me agora que nunca mais vai voltar. Acho que se fartou me mim, embora pensasse que até tínhamos conversas interessantes independentemente dela me estar a infectar ou não. Não ligo muito a isso e tento não me preocupar.


Dia 185:
Agora sinto-me só em casa…
Vou de mal a pior…


Dia 186:
Passeio…
Passeio pelos campos e pela cidade… passeio entre os canteiros e as áleas, entre os blocos e os arcos. Passo pelo miradouro e pelo repuxo de água, dispenso aquele sítio. Aquele sítio arrepia-me um bocado. Nunca fui lá e não quero ir. Está pintado naquela mancha esquisita que o envolve. Não sei o que se passa com aquele sítio, mas está podre e cheira mal.
Vou antes pelo outro lado.
Cheguei ao sítio.


Dia 187:
Tenho medo. Ao ver o meu pai e avô Ego Jeiyo lembro-me de tudo…
Claro que não os vi pessoalmente porque morreram há muito e isso estou farto de saber.
Por acaso não vi o espírito deles mas se visse não estranhava.
No entanto estou aqui a disparatar e esqueço-me do que quero dizer.
Fui ao cemitério visitá-los.
Estavam bem-dispostos e até petiscaram um queijo que eu tinha levado cortado aos cubos. Claro que também empurraram o queijito com um copo de vinho.
Esqueci-me do que tenho medo.



Dia 188:
Tenho medo de ter medo…

Dia 189:
Electrocutado, ganhei 10000 pontos só em bónus, por isso corri, corri, corri (sem parar).
Ganhei um bónus de 5000 por ter reparado, enquanto passava a correr, depois de ser electrocutado, que estava uma mulher sentada no café a fumar.
Acumulei mais 50000 por ter parado a tempo de tomar café e fumar um cigarro ao lado da mulher que estava a fumar electrocutada pelos meus 65000 pontos. Retirei-lhe os pontos que ela possuía porque ela não acabou de fumar o cigarro até ao fim antes de eu começar de novo a correr em direcção aos patos que sobrevoavam a piscina. Os pontos da senhora eram de 3472.
Game Over.
Não bati o recorde…


Dia 190:
Calar-me?!… Respondo-me…
Não tenho mais nada a dizer-me…