2010-04-11

10-QC9/303144284.1231

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É estranho vir acordar a uma casa que não é minha. A casa fica no meio do nada. Eu vivo cá, sempre vivi cá, descobri agora. Saí de casa, percorri uma pequena distância, só para ver que a casa era do tamanho do meu pé. “Como coube lá dentro?”, pergunto-me. Piso-a e salto até não sobrar mais que uma amálgama de lixo.

Ao pé daquilo que era a casa, uma garrafa, gigante em comparação à casa. Não tenho sede mas começo a beber. Não tenho vontade de parar de beber. Bebo como se nunca mais pudesse beber. A garrafa é mesmo enorme em relação à casa. A casa voltou, não os restos da casa, mas a casa inteira. É agora do tamanho dos meus joelhos. A garrafa é já maior que eu. Com muito esforço, com as duas mãos, levo a garrafa à boca e dou mais um gole. A garrafa está sempre cheia. Não penso em mais nada. Garrafas destas são para beber. Eu não tenho sede.

A minha cabeça divide-se em duas cabeças, depois em quatro, dezasseis, duzentas e cinquenta e seis… Perdi a conta.