2008-11-05

Mercurii dies

Mercurii dies:
A vida é um quebra-cabeças. Pode entender-se como um daqueles puzzles que têm um número infinito de peças ou como um cubo de Rubik.
Se olharmos para ela como um puzzle temos que ter noção que faltam sempre peças para o todo e as muitas partes que ainda restam estão em montes à espera de ser colocadas no sítio certo. O puzzle vai sendo completado mesmo sabendo que nunca vai ser acabado. As peças chave vão faltar sempre, as peças já colocadas estão ocasionalmente no local errado. Por vezes mudam-se partes certas para sítios errados, partes erradas para outros lugares errados. O ponto comum é que existe sempre um padrão.
Se virmos a vida como um cubo mágico temos necessariamente que conotar que ao mudar uma peça de lugar a sua oposta vai também mudar. Isto quer dizer que nunca podemos simplesmente esperar que quando faltar um cubo para acabar, este possa ser finalizado. Temos que voltar a baralhar os pequenos cubos coloridos para que possamos voltar a montar. Nunca, nunca podemos alterar um fragmento sem que outro seja afectado pelo movimento. Apenas os quadrados centrais estão imóveis tal como os traços básicos da nossa personalidade.
É assim que me sinto, um ser incompleto, baralhado, inerte. Espero ser concluído às mãos de alguém sem saber se alguém um dia vai conseguir ou tentar. Anseio que as partes que me constituem sejam postas no lado certo mas elas estão ou perdidas ou no espaço errado. O maior problema é que cada peça tem apenas um lugar certo em todo o quebra-cabeças e as minhas peças estão todas trocadas.
Durmo, sonho, acordo, sonho, vivo, morro, vivo, morro. Sou o Ego.

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