2009-03-20

Iouis dies, Veneris dies

Iouis dies/Veneris dies:

(o dia de amanhã)

-Amanhã tudo vai acabar, o céu vai cair - disse-me hoje o homem vestido com calças de ganga azul manchadas de terra nos joelhos, camisola de lã grossa com mangas arregaçadas. Não tem nome. Esteve a rezar ao seu deus. Ouvi dizer que tinha falecido dias antes de vir ter comigo. Não sei porque veio ter comigo. Ele esteve a rezar ao seu deus. O seu deus não tem nome.
Chama-se Eloisa. Anda para trás e para a frente com os braços agarrados ao seu par.
É o “não sei quem” que se juntou ao “não sei quê”…
São os problemas psicológicos…
É o nada de jeito…
É o não ter jeito…
Hã???
Não percebi… Desculpa…
Joga isso de uma forma natural, pode ser?
Não, esses tempos já acabaram e, nunca, nunca vai voltar a ser assim.
Faz o que quiseres, já foi!
São os loucos do momento.
Os lúcidos a tempo inteiro.
Uns dormem, outros estão acordados.
Os bichos andam na minha cabeça. Comem-me o cérebro.
Os bichos revolvem as entranhas, eu vomito-os.
Eu vejo as pessoas serem personae, tornarem-se bichos.
Dizem que as mesas têm copos mas eu não os vejo. Dizem que as mesas têm pernas enquanto que para mim são objectos com quatro patas… tal como os bichos.

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