2009-03-03

Mercurii dies, Solis dies

Mercurii dies:

Confesso que estou assustado. Não é o medo da morte que me assusta. O temor que sinto provém de algo muito mais profundo, um sonho.

Antes de começar a explicar este pavor tenho que situar este sonho, assim como os sonhos antes deste, num tempo e os sonhos não se deslocam no tempo. E quão sou eu obcecado pelo Tempo! E pelos Sonhos. O problema é que este sonho foi no passado mas desenrola-se no futuro. E quanto gostaria de explicar o inexplicável e incerto mas estes delírios não deixam provas que eu possa utilizar. Logo o sonho é à partida inexplicável.

O início terá sido sem qualquer dúvida um “déjà vu”. Nesta situação o “déjà vu” foi despoletado por uma frase acompanhada de música. Senti um arrepio porque achei que era mais que algo já visto, esta sensação era nova; contudo decidi ignorar este aperto.

Dias depois, após novo “déjà vu” decidi ponderar no porquê de isto me estar a acontecer.

(Censurado pelo Ego)

Solis dies:

Na janela de vidro transparente vejo o meu reflexo junto ao reflexo que não é meu…

Olho-me e vejo-me, depois viro os olhos mais para a direita e fixo outro ponto onde está esse reflexo. Acho estranho isto nunca acontecer em espelhos porque aí seria o lugar mais provável. E quando me refiro ao espelho enquanto lugar não digo que este o seja, mas é-o enquanto sítio paralelo e improvável. Estes vultos aparecem em vidros translúcidos ou baços, em poças de água e lagos um pouco profundos. São nestes espelhos improvisados, criados por raios de luz num ângulo e intensidade certos que me vejo, que os vejo.

Cá estou perdido entre memórias de um passado nos carris do tempo…

O “déjà vu” que é um “déjà ecrit”…

As paredes pintadas e riscadas.

Os riscos sobre as pinturas sobrepostas aos riscos.

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