2009-04-17

Mercurii dies, Iouis dies, Iouis dies

Mercurii dies:

Novamente a morte vem visitar-me com um véu preto e vai visitar também todos os meus amigos, alguns dos quais já citados aqui.

Não alimentarei mais esta vontade de sair daqui ou morrer para a vida. Fico-me nestes dias no sentido oposto àquele a que estou pré-formatado. Somente ando, passo a passo, a revolver as estradas de terra batida à procura de tesouros. Encontro velharias sem valor e notas gastas de pessoas a dizer:

“Encontro-te lá na sexta”

“Vejo-te às vezes…”

“Vimo-nos amanhã”

“Corri para os teus braços e tu não me agarraste”

“Saldo 0”

“Vai embora, não te quero ver mais”

Todas as mensagens eram antíteses umas das outras, umas de amor, outras de ódio…

Subi a uma árvore e sentei-me num dos ramos mais fortes, segurei-me bem com medo de cair. Encostei-me para trás.

 

Iouis dies:

A AVM ZCDW Q SXG QIZUT XVAKC TGZHLVA BRG Q OJKUA HNQ AV UTODG. A FVM ZCDW ESDHDS WGU SXG VSZQA…

RVKOCSJU ELW MTZFMZ EMZQR G RCZ FM FVSXWUSPS.

TGYC GJAQLJQW R NQFUSPS ZFOSJKMBKWYSELQ OTZQW R EUBYS HSIVMRV SBSJSD RRK ESHMQZRK CIV WEGV “SOVRVA” AV VQWOGG.

DVKMRF WMFUG CIV TMFIWSC V WYPEJH OJ HMZRNDOJ BM HVFTOD KURF MEOUSE RVKFO MWL DFKEIVE GA KGY ARAE DJGRIEVA RF IGS VE CIRDCIVJ POJ GGHISE JVRQG.

HMQFF EAFIWD.

ELVDC DGDFVJ ESD LQF HMQ JFDFOI S HWUS.

CIVJA AFJDSI W BSIEMBVUQF DGDHF.

IGSIG HWMWD BR EAFKW.

QUF…

WG…

WTZ…

VS…

Z…

QA…

SXGOSELDWTG ESI KAI TJUOUG M DRJFWI VA QIAMRFJ CIV WJWJLQ BR EUBYS YSELQ QFEA SL WJWJLA BR VQZV.

KAAFK UBJWBOISHSZK Q C HMQ C TJUOUGD TRR PS DAY S F IGS VDQ S MWDRRVQWISYSELQ!

CUWUC-F HAF ZKEC!

FVQWF-EQ!

AFJFS RG OFZSPCI!

KGWTAPWF HMFR EUA!

 

O que foi escrito não há-de ser revelado. O que foi escrito foi só escrito, riscado sem sentido.

As palavras são palavras sem que o sejam.

A palavra-chave esconde-se na mente do criador… Nem eu a sei. Ele disse que ela estaria escondida nestas crónicas mas não disse qual seria. Eu próprio, o Ego, ficarei sem saber o que escrevi inconscientemente. Deixa-me frustrado, escrever algo que até de mim é segredo. Sinto-me a ser usado.

Se tiver uma hipótese de entrar na minha mente e seguir uma pista que me faça encontrar a chave, vou descodificar o texto mas não sei se o decifrarei por mim ou pelo inconsciente em mim Morrer fez-me aperceber que não existe algo mais que o eu em mim. Existem, ao invés, vários “Eu” com diferentes personalidades desdobradas. O pior é que já não sei quem sou hoje, como sou hoje. Sei apenas que me chamo Ego Euich Jeiyo...

Sei que tenho um rosto mascarado com os traços do tempo, mas não sou quem era… sei isso. Eu já não sou eu sem nunca o deixar de ser.

Resta-me apenas esperar para ver.

 

Iouis dies:

Saber que o tempo é a minha obsessão irrita-me… conhecer-me a esse ponto enerva-me ainda mais e faz-me odiar-me. A descoberta dos meus inúmeros defeitos tornou-me no que sou hoje e apesar de me destruir não me arrependo pois a noção de saber quem sou, tornou-me um pouco mais forte, contudo muito mais cuidadoso, quase cobarde…

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