2011-07-11

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O que sei eu?
Até quando tenho que ficar aqui preso?
Condenem-me já à morte. Há vários dias que o ar aqui se tornou irrespirável com o cheiro a fezes e a urina. O meu corpo tem o mesmo cheiro. O pequeno buraco por onde entram as ratazanas é demasiado pequeno para levar a minha diarreia.
Estou farto de me ouvir. Estou farto de falar comigo.
Quero ouvir a minha sentença! Quanto tempo resta? O guarda já não me dá comida há semanas. Perdi a noção do tempo. Uma noite, quando sonhava, pensei que estava no campo, deitado na erva orvalhada a olhar para as estrelas. Tive a sensação de ser uma noite de verão. Perseguiram-me e eu fugi. Sou tão cobarde.
Quando acordei tinha uma barata a olhar para mim. Disse-me que eu estava a tremer e a mexer as pernas. Disse-lhe que era impossível mexer as pernas numa cela tão pequena.
Ela respondeu-me que tudo é possível e esgueirou-se por debaixo da porta.
Chamei-a mas não voltou. Olhei para os dias riscados na parede.
Está demasiado escuro, não consigo ver.
Vale mais fechar os olhos e deixar o tempo atravessar-me.

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