2007-10-11

Dia 9:O amanhã que nunca chega aproxima-se lentamente submisso ao tempo presente. Tudo depende dele e sento-me esperando pacientemente a sua chegada…Dia 9.1:Memória: rio descontroladamente um (sor)riso estúpido, insano, fruto da apatia dos dias anteriores que pelos vistos nada tiveram de apáticos. Dei muita, demasiada importância ao que há-de vir. Essa foi a causa deste riso que me corrompe e deixa nesta situação constrangedora. Passam horas sem que consiga parar de rir…o riso homicida e incontrolável. Foi também num dia anterior que descobri que o riso incontrolável não é possível controlar… ela estava lá e apercebeu-se disso enquanto caminhámos em cima das manchas multicolor que nos sugavam suavemente para o delírio. Sussurrámos palavras inaudíveis aos pobres de espírito. (1=3×1/8) Dia 9.2: Daqui vejo apenas uma fracção da entrada onde uma folha cadente acaba de perecer. Os bichos seguem-na até ao seu leito e devoram-na. “Não há problema, já estava morta”… disse um deles para o seu companheiro que lhe respondeu …”ainda bem, não quero matar ninguém” … Pobres seres… deviam comer minerais porque estes já nasceram sem vida… esta não era uma folha qualquer. Pertencia à copa de um gigantesca figueira australiana que viajou quilómetros para vir nascer ao país à beira mar plantado… os bichos não tinham espécie. Viajavam apenas pelos jardins à procura de mais folhas para devorarem e saciarem a fome. Falta pouco para o Inverno mas parece Primavera. Só as cores são diferentes. Sempre as cores… o que era verde está castanho… o que viria a ser morto está vivo. Pequeno e ingrato ciclo de vida. Viver uns meses para perecer delicadamente nu qualquer leito aquoso com a sensação de falsa realização… os alfa e os ómega… todos se unem no mesmo destino fatalista. Perturbado, decidi ajudar e acelerar o processo usando o meu poder de destruir coisas e adiantar o rumo natural dos acontecimentos. Os bichos perguntavam-se que gigante era este, bateram em retirada sofrendo enormes baixas no seu pequeno exército morrendo na sola das botas, como a folha sem vida desfeita no som crepitante da areia. Dia 9.3: Não, não e mais não… eu não faço isso…
Nunca

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